Por Vladimir Neiva
Meu filme favorito ao Oscar deste ano é “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorcese. Se você ainda não o viu, procure nas plataformas de streaming e não deixe de vê-lo. É longo, mas vale cada minuto diante da tela. Aqui não vou entrar em minúcias do roteiro ou me deter nos fatos da trama, que se desenrola por 3 horas e vinte e seis minutos.
Esse texto pretende refletir sobre a inserção do meu preferido à estatueta de “Melhor Filme” na trajetória de Martin Scorsese. Para isso, vou me adentrar um pouco na narrativa e em como ela reflete temas consistentes em sua obra. Este filme, inspirado no livro de David Grann, é um prisma através do qual Scorsese examina a ganância e a violência na história americana. Os assassinatos dos membros da tribo Osage, numa época em que o petróleo era um recurso cobiçado, torna-se uma alegoria da própria fundação dos Estados Unidos, onde a expansão territorial e a exploração de recursos frequentemente resultaram em violência e opressão. A ganância, personificada na figura de William Hale, que manipula seu sobrinho para casar-se com uma herdeira Osage, ressoa com o materialismo e a corrupção que Scorsese retratou em filmes como “O Lobo de Wall Street”, onde o capitalismo é exposto em sua forma mais crua e desenfreada.
Vladimir Neiva é empresário do setor editorial de João Pessoa-PB.