Quando o diretor inglês Ridley Scott lançou “Alien: O Oitavo Passageiro” em 1979, ele não apenas entregou mais um filme de ficção científica, mas, em certa medida, reinventou o gênero. O que Scott fez foi injetar uma dose cavalar de terror psicológico e horror visceral em um ambiente futurista. Isso era algo raro na época.
Antes de Alien, a ficção científica era dominada por visões utópicas ou aventuras espaciais bem comportada, além de disputas por poder, em clima de faroeste espacial, como a saga de “Guerra nas Estrelas”, do americano George Lucas. Aí entra Scott, com seu ambiente claustrofóbico e sombrio, e muda o jogo. O filme não se apoia apenas em efeitos especiais extravagantes (embora eles também tenham sido usados), mas sim na criação de uma atmosfera sufocante, aflitiva.
Um dos maiores trunfos de “Alien” é a criatura em si, projetada pela artista suiço H.R. Giger.. O design da criatura é uma obra de arte grotesca, misturando o orgânico e o mecânico de uma maneira que ninguém jamais tinha visto. Giger trouxe uma estética que ele mesmo desenvolveu em seus quadros e ilustrações: uma “biomecânica” perturbadora que parecia desafiar as noções tradicionais de beleza e horror. A criatura é ao mesmo tempo elegante e monstruosa, que se move de maneira quase sobrenatural.
Scott sabia que o que não é visto é mais assustador do que o que está escancarado. “Tubarão”, filme de Steven Spielberg ja havia explorado esse recurso narrativo com perfeita maestria. Por isso, o alienígena é revelado aos poucos. O suspense é construído de forma quase cruel, utilizando o silêncio, as sombras e a sugestão para deixar a imaginação do espectador trabalhar no máximo. O uso da câmera solta, com se estivesse à mão, e os enquadramentos fechados criam uma sensação de opressão que só aumenta à medida que o filme avança.
O alienígena em si é trazido à vida por uma combinação inteligente de técnicas. O uso de um ator dentro de um traje (um nigeriano, com seus incríveis 2,18 metros de altura) deu ao monstro uma presença física real. Ao combinar isso com efeitos práticos, Scott e sua equipe conseguiram criar algo que era assustadoramente real. A famosa cena do “parto do bebê alien”, em que o alienígena irrompe do peito de um dos personagens, é um dos momentos mais perturbadores do cinema, graças à combinação de efeitos especiais, desempenhos dos atores e edição precisa.
“Alien, o oitavo passageiro” não só redefiniu a ficção científica, mas também criou um novo padrão para o horror no cinema. É um filme que continua sendo visto, estudado e admirado, e que, de certa forma, ainda não foi superado em termos de inovação e impacto visual.