Rafael: Pintor e Gênio Renascentista, por Vladimir Neiva

Vladimir NeivaPosted by

Por Vladimir Neiva

Rafael: O gênio renascentista

O fascínio exercido pela arte de Rafael Sanzio, conhecido simplesmente como Rafael, tem atravessado os séculos e é uma evidência duradoura do brilhantismo renascentista. Esta reflexão me veio à mente após saber que ele estará no foco da Professora Zarinha, já no início de agosto, quando retomaremos as aulas do Curso de História da Arte. Na minha passagem por Florença, no mês de abril, fui agraciado ao ficar diante de algumas de suas pinturas, como a “A mulher de véu” e “Retrato de jovem com maçã”.

A maior concentração de pinturas de Rafael, fora de Roma e da Cidade do Vaticano, está em dois dos principais museus de Florença: a Galeria dos Ofícios (o Uffizi) e a Galeria Palatina do Palácio Pitti, antigo Palácio Médici. Como admirador confesso do chamado “Príncipe dos Pintores”, vou discorrer um pouco sobre três de suas principais obras. Não esperem interpretações ou abordagens de um crítico especializado em Renascimento. Sou apenas um apreciador diletante que tenta aqui sensibilizar e atrair o leitor ou leitora acidental para as belezas exorbitantes trazidas à luz pelos pincéis do gênio.

Vida e Obra

Rafael, nascido em 1483 em Urbino, Itália, ascendeu rapidamente ao altar dos mestres renascentistas, ao lado de gigantes como Leonardo da Vinci e Michelangelo. Sua habilidade em combinar graça, harmonia, perfeição das formas e profundidade emocional fez dele um dos pintores mais admirados de sua época. Esse é um legado que perdura até hoje.

A sua principal obra talvez seja “A Escola de Atenas” (1509-1511), um afresco localizado no Palácio Apostólico, na sala que já foi biblioteca e escritório do papa Júlio II, no Vaticano. Esta pintura não apenas celebra os grandes filósofos da antiguidade clássica, mas também representa o ideal renascentista de fusão do conhecimento antigo com a nova compreensão do mundo. É possível identificar na cena da escadaria, que reúne alguns dos maiores pensadores da Grécia Antiga, as figuras de Platão, Aristóteles, Sócrates, Euclides, Pitágoras e Epicuro, dentre outros. A composição milimetricamente equilibrada e a profundidade da perspectiva espacial demonstram a maestria de Rafael na criação de uma narrativa coerente.

Outra obra-prima é “A Madona Sistina” (1512-1514), famosa não só pela figura central da Virgem Maria, mas também pelos dois querubins na parte inferior da tela. Os anjinhos já se tornaram ícones pop por si próprios. A expressão serena e a composição equilibrada da Madona comprovam a tremenda habilidade de Rafael em infundir divindade e humanidade em suas representações religiosas.

Principal obra

“A transfiguração” (1516-1520) é considerada por muitos sua obra-prima suprema. A tela arrebata o espectador pelo modo como opera artisticamente a separação do divino e do humano. A pintura retrata a transfiguração de Cristo (descrita na Bíblia, no livro de Mateus): na parte superior, Jesus é transfigurado, metamorfoseado, e se torna “radiante”, no alto de uma montanha, enquanto a parte inferior mostra os apóstolos tentando curar um jovem possuído. A utilização de luz e sombra, a carga emocional intensa e a maestria composicional revelam um Rafael no auge de seus poderes criativos.

Rafael não foi apenas um pintor, mas um contador de histórias visuais que continua a inspirar e cativar gerações. Sua habilidade de capturar a essência da beleza, a profundidade da emoção e a complexidade da experiência humana em sua arte garantiu seu lugar na história como um dos maiores mestres do Renascimento.

Vladimir Neiva é empresário do setor editorial de João Pessoa-PB.