Vladimir Neiva: A arte de aprender a ver (parte 2)

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Por Vladimir Neiva

Dando sequência a primeira parte desse texto, outro exemplo marcante é “Guernica” de Picasso. Este quadro sempre me causou um desconforto, mas eu não sabia explicar o porquê. Agora, entendo que essa é exatamente a intenção de Picasso. Através de formas distorcidas e de uma paleta de cores sombrias, ele transmite a dor e o horror do bombardeio de Guernica. É uma obra que fala diretamente às emoções, usando a arte como uma forma de protesto e memória histórica.

Vladimir Neiva: A arte de aprender a ver
Educar seu olhar

Ao educar o olhar, também surge a compreensão dos contextos históricos e culturais. O icônico “O Nascimento de Vênus” de Botticelli não é apenas uma representação da deusa emergindo do mar, mas um reflexo do Renascimento e seu interesse pela mitologia greco-romana e humanismo.

A conexão pessoal com as obras se torna uma jornada intrigante, desvendando histórias e enigmas. A apreciação da arte não se limita à estética; é um mergulho nas mentes dos artistas, compreendendo influências, desafios e conquistas.

Além disso, esse processo de educação visual me ajuda a criar uma conexão pessoal com as obras. Cada quadro, cada escultura, torna-se uma história a ser descoberta, um enigma a ser desvendado. Não é apenas sobre a estética; é sobre mergulhar nas profundezas da mente do artista, entender suas influências, seu contexto histórico, seus desafios e suas conquistas. Em resumo, aprender a apreciar arte não é apenas aprender a olhar, mas a ver. A ver não apenas com os olhos, mas com a mente e o coração. Cada obra de arte é uma porta para outro mundo, uma janela para uma outra época ou um espelho da alma de quem a criou. E, aos 65 anos, estou mais do que pronto para continuar explorando esses mundos, educando meu olhar e enriquecendo minha experiência de vida. Afinal, nunca é tarde para aprender a ver a beleza e a complexidade que nos rodeia.

Vladimir Neiva é empresário do setor editorial de João Pessoa-PB.