Vladimir Neiva: “Pobres Criaturas” valoriza a afirmação feminina

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Por Vladimir Neiva

Após a cerimônia de entrega aos vencedores dos Academy Awards, ou Oscar 2024, premiando os melhores atores, atrizes, técnicos e filmes de 2023, fiquei tentado a escrever algo sobre o filme que mais me surpreendeu e impactou: “Pobres Criaturas” (ou “Poor Things” no título original). Mesmo já tendo se passado algumas semanas desde a sua consagração, ao arrebatar quatro estatuetas, é preciso falar sobre a trajetória incrível de Bella Baxter, um verdadeiro símbolo de rebeldia e afirmação feminina.

O Filme

O filme, baseado no romance de Alasdair Gray, nos leva por uma viagem nada convencional na Era Vitoriana, onde encontramos Bella, uma mulher reanimada pelo Dr. Godwin Baxter após um suicídio trágico. Mas esqueçam qualquer paralelo com a história de Frankenstein, pois aqui Bella, encarnada pela atriz Emma Stone, se torna a mestra de seu destino de uma maneira vibrante e provocativa.

Desde o início, Bella é uma figura fascinante: um ser criado a partir de ideais científicos, mas que transborda vida, desejo e curiosidade. A forma como ela explora sua sexualidade e liberdade pessoal, sem pedir desculpas, é de arrepiar. Em um mundo dominado por homens que acreditam saber o que é melhor para ela, Bella desafia todas as expectativas.

Afirmação feminina

É interessante observar como “Poor Things” usa a metáfora da reanimação para falar sobre a libertação feminina. Bella não só ganha uma segunda chance de viver, mas ela a agarra com todas as forças, rebelando-se contra as amarras de um patriarcado sufocante. Ela é a personificação da mulher que não aceita ser definida ou limitada pelas expectativas sociais.

Ao longo do filme, Bella viaja, aprende, ama, sofre e, acima de tudo, escolhe. Suas escolhas, por mais polêmicas que sejam, são totalmente suas, destacando a importância do direito da mulher à autonomia e ao desejo. Em seu percurso existencial de autodescoberta, corre o mundo ao lado do sedutor Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), mesmo estando prometida em casamento ao seu cuidador Max McCandless (Ramy Youssef), por quem sente sincero amor.

O diretor Yorgos Lanthimos fez de “Pobres Criaturas” uma celebração vibrante e visualmente rica da luta feminina pela independência e autoexpressão. A atuação de Emma Stone, que resultou merecidamente no Oscar de melhor atriz, é arrebatadora, a direção e o visual trazidos por Lanthimos são ousados; e a mensagem é poderosamente atual, apesar do cenário de época. Bella Baxter não é só uma personagem; ela é um símbolo de resistência e liberdade. Se ainda não viu, está disponível no streaming pelo canal Star+.

Vladimir Neiva é empresário do setor editorial de João Pessoa-PB.