Homem de barba branca e camiseta clara sorri serenamente em ambiente ao ar livre com fundo desfocado de árvores.

Ariano pela prosa de Juca Pontes – Vladimir Neiva

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“Me chamo Ariano”: a alma de Suassuna contada por Juca Pontes em obra ilustrada e poética

“Me chamo Ariano” é uma das últimas obras do escritor, poeta, editor e homem de múltiplos talentos que foi  Juca Pontes, meu grande amigo e parceiro editorial. O livro se enquadra no gênero “biografia romanceada ilustrada”, que é uma espécie de híbrido literário. Nesse caso, escrita e ilustração se aliam em cada página para narrar a trajetória do paraibano Ariano Suassuna. Ao longo das pouco mais de cem páginas, Juca e o ilustrador Lelo Alves alcançam um legítimo triunfo de encantamento e de beleza gráfica, que já assegura ao livro um lugar de destaque no legado de seus autores. A vida de Ariano é contada em primeira pessoa, sob a ótica personalíssima do poeta Juca Pontes. O texto segue o fluxo cronológico, desde Ariano criança, nascido no Palácio da Redenção em João Pessoa, até sua consagração como patrimônio da cultura nacional, após livros, peças, palestras e ensaios que traduziram como poucos a essência nordestina. 

Essência. Essa palavra serve bem como referência para a narrativa autoral de Juca sobre Suassuna. Ele escolhe fatos, lugares, poemas, falas de personagens e do próprio Ariano para tecer uma sequência única capaz de sintetizar o artista e o ser humano em um belo amálgama literário. Juca sublinha com sua poética as vozes do gênio. E lá estão alegrias e tristezas, fatos vividos e personagens imaginados, o sertão caboclo e o reino encantado. Lê-se com prazer essa súmula biográfica do gigante que foi Ariano, soando liricamente pela subjetividade de Juca, que transforma cada capítulo dessa trajetória em uma exibição de sua verve literária. O autor também aplicou à edição dessa obra sua habitual maestria, não apenas encharcando suas páginas de cores, ilustrações e poesia como também as separando em capítulos nos quais, só de ler os títulos, conseguimos antecipar o tom do que virá a seguir. Assim era nosso Juquinha, produtor de sensibilidades e nordestinidades em série.

O livro terá visibilidade garantida. Fazendo jus ao seu valor, “Me chamo Ariano” está entre as obras escolhidas para integrar o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), que a cada ano indica os títulos que poderão ser adotados para os anos iniciais do ensino fundamental em território nacional.

Um presente aos alunos de todo país, que poderão se encantar com a artesania gráfico-literária que Juca e Lelo conceberam para imortalizar a memória de Ariano. Desde já, leitura obrigatória (com o perdão do clichê…) para escolarizados de qualquer idade.