Meu encontro com Matheus

Vladimir NeivaPosted by

Por Vladimir Neiva

Quando soube que minha filha, Juliana, lá longe nos Estados Unidos, estava prestes a ter seu primeiro bebê, um misto de alegria e saudade tomou conta de mim. Em João Pessoa, o mar pareceu um pouco mais azul naquele dia, como se compartilhando do meu contentamento. Sou paraibano, de coração e alma, e ver a família crescer, mesmo que a distância, é um prazer que não cabe em palavras.

Minha filha, uma guerreira que decidiu voar alto e atravessar continentes, sempre me encheu de orgulho. E agora, ela se preparava para me dar um presente que não tem preço: mais um neto, Matheus.

A expectativa da chegada dessa nova vida fez meu coração bater mais forte. Mesmo sabendo que não poderia estar presente todos os dias, o simples pensamento de ser tri-avô me trouxe uma satisfação indescritível.

A tecnologia, essa ponte moderna, me permitia acompanhar cada etapa da gravidez. Vídeos de ultrassom, chamadas de vídeo, tudo isso fazia com que a distância se encurtasse um pouco. Mas nada substitui o abraço, o toque, a presença física. A alegria de ver minha filha se tornando mãe só aumentava.

Lembro de quando ela era pequena, correndo pelas praias de Tambaú, com os pés descalços na areia quente, rindo de maneira contagiante. Agora, era ela quem preparava o caminho para que outra vida trilhasse o próprio destino.

Quando o dia do nascimento chegou e, embora eu não estivesse lá fisicamente, meu coração estava ao lado dela, batendo forte e cheio de amor. Recebi a notícia pelo telefone, e desejei ouvir o choro do meu neto pela primeira vez. Um sentimento de plenitude me envolveu – eu era de novo avô, ou “grandfather” se ele preferir.

Os primeiros dias foram cheios de mensagens, fotos e vídeos. A distância era cruel, mas o amor era maior. Comecei a planejar cada a minha próxima visita (estive com ela em Nova Iorque, no Natal, dias antes de seu parto). Seria a primeira de muitas, para conhecer aquele pequeno ser que já tinha transformado minha vida.

Quando finalmente pude viajar para os Estados Unidos, o reencontro com minha filha foi emocionante. Aquele abraço apertado, a sensação de que o tempo parou por um momento. E quando segurei meu neto pela primeira vez, todo o universo parecia em paz. A vida, com suas surpresas e encantos, me deu o presente mais bonito de todos: a continuidade.

Aqui em João Pessoa, cada dia é uma espera até a próxima visita, mas o coração está sempre lá, com minha filha e meu neto, navegando nas águas da saudade e do amor. A família cresce e, mesmo à distância, o laço que nos une é indestrutível.

Vladimir Neiva é empresário do setor editorial de João Pessoa-PB.