Por Vladimir Neiva
Se você, como eu, é um apaixonado por arte, Florença bem que pode ser o seu paraíso aqui no planeta. É possível passar uma vida inteira em terras florentinas, mas bastaram três dias na cidade para que me visse imerso em uma jornada sublime através do Renascimento. Soa lugar-comum dizer que Florença respira arte. Diante de cada praça, ou passando por cada rua, dá para imaginar como circularam nesses cenários alguns dos gênios que mudaram nossa maneira de ver o mundo e entender a arte. Assumindo ares de guia turístico, me atrevo a sugerir um breve roteiro por algumas das riquezas artísticas de Florença.
Florença: a cidade que inspira e expira arte
Comece sua aventura pela famosa Galeria Uffizi, a insuperável “Galeria dos Ofícios”. Este é considerado o templo máximo da pintura renascentista, onde você vai se encontrar, frente a frente, com “O Nascimento de Vênus” de Botticelli. A delicadeza de Vênus, emergindo da espuma do mar, é um convite a contemplar como a técnica pictórica pode gerar beleza pura. Nas mesmas paredes, você vai encontrar também “A Anunciação” de Leonardo da Vinci, uma obra delicada, que capta o momento divino no qual o anjo Gabriel surge na presença de Maria, escolhida pelo Senhor para ser mãe de Jesus. O quadro irradia uma serenidade que só Leonardo poderia captar e revelar pela pintura, para deleite de nossos sentidos.
No segundo dia, é hora de chegar na magnífica Catedral de Santa Maria del Fiore, ou o Duomo, como é carinhosamente chamado. Sua cúpula, projetada pelo arquiteto Filippo Brunelleschi, não é apenas uma façanha arquitetônica, é um símbolo da cidade. A subida ao topo oferece uma belíssima vista panorâmica de Florença, mas é dentro, no Batistério, que você pode encontrar os célebres afrescos que narram várias histórias bíblicas, pintadas em cores vivas e repleta de expressões humanas profundas.
Arte renascentista
No terceiro e último dia, uma visita à Academia é essencial. Aqui, o “Davi” de Michelangelo aguarda sua reverência e admiração. A escultura é mais do que um ícone do Renascimento; é a representação perfeita do ideal de beleza e proporção humana. Essa busca pela perfeição era uma ambição dos grandes artistas dessa época, influenciados pelo cânone clássico da estética greco-romana. Michelangelo captura em “Davi” tanto a força quanto a serenidade de um jovem no limiar de uma batalha não só física como também interna.
Ah, não posso esquecer de mencionar a Basílica de San Lorenzo! Foi lá onde a família Médici encomendou a Michelangelo a tarefa de projetar sua sacristia, uma obra que combina arquitetura, escultura e pintura de uma maneira que só poderia ser concebida por um gênio. Cada capela, cada tumba, é uma surpresa e um mergulho na história da arte.
Florença, com suas ruelas estreitas e piazze animadas por gente de todo lugar é uma cápsula do tempo. Em três dias de passeio, eu apenas “arranhei” superficialmente esse imenso legado artístico. No entanto, o espírito dos grandes mestres – Botticelli, Da Vinci, Michelangelo, Brunelleschi – continua a inspirar, a surpreender e a deleitar. Aqui, a arte não é apenas observada; ela é vivenciada, respirada e sentida.
Vladimir Neiva é empresário do setor editorial de João Pessoa-PB.