Por Vladimir Neiva
Assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, em Pernambuco, é por si só uma experiência arrebatadora. Mas este ano, a emoção tomou uma dimensão ainda mais pessoal e profunda para mim. Minha filha, Mayana, deu vida a Maria, mãe de Jesus, em uma atuação que transcendeu a arte e tocou o coração de todos que estavam presentes. Como pai, não posso deixar de expressar o imenso orgulho e admiração pela entrega e sensibilidade que ela demonstrou em cena.
Mayana, que também carrega Maria no nome (assim como a mãe e a avó), mostrou uma capacidade impressionante de capturar a essência terrena da figura sagrada que costumamos chamar de Nossa Senhora. Ela já havia falado em entrevistas sobre a honra de fazer este papel, que ela mesma descreve como “um dos desafios mais lindos de minha carreira”.
Ao vê-la em cena, especialmente naquela conhecida como “da Pietá”, o momento em que Maria segura Jesus em seus braços após a crucificação, senti uma onda de emoções indescritíveis.”Pobre filho! Quanto sangue…quanta ferida nessa carne lacerada…quanta dor no teu corpo torturado!”. Era como se o tempo tivesse parado, e eu, junto ao restante do público, fosse transportado para aquele momento de dor e amor incondicional.
A paixão e a entrega de Mayana ao papel fizeram com que todos nós, os parentes presentes e os espectadores, vivenciássemos as angústias e a esperança de Maria de uma maneira que só o teatro é capaz de proporcionar, como um momento único de conexão espiritual e humana.
Mayana, assim como Maria, demonstrou uma força e uma graça excepcionais, provando que o poder da arte reside na capacidade de tocar e mover almas e corações. Como pai, transbordando em afeto e orgulho, sinto uma alegria enorme em testemunhar, junto com a família, um dos pontos altos de sua jornada e de seu crescimento não apenas como atriz, mas como uma pessoa extraordinária que arrebata a vida de tantos através de seu talento.
Vladimir Neiva é empresário do setor editorial de João Pessoa-PB.